quinta-feira, 10 de junho de 2010
Resenha: Ihsahn - After
Nessa coluna analisamos novidades musicais, cinematográficas ou do mundo dos games.
É sempre um bom sinal quando um músico abandona sua zona de conforto e resolve explorar áreas desconhecidas do seu próprio intelecto. Melhor ainda quando o resultado dessa busca é encarado como a maturidade musical e não simplesmente uma tentativa de acumular novos fãs. Ihsahn sempre foi um dos nomes mais respeitados dentro do Black Metal, com a sua banda, o Emperor, ele levou o estilo aos seus cantos mais remotos, iniciando o que hoje me dia é conhecido como Black Metal Sinfônico. Com a dissolução do grupo em 2001, Ihsahn se viu em um paradoxo, ele continuaria fazendo o que ele era conhecido por fazer ou ele iria mais fundo, trazendo algo novo mas que muito provavelmente afastaria seus antigos fãs e sem nenhuma garantia de que ele conseguiria novos? A boa notícia é que Ihsahn optou pela novidade e mesmo que isso realmente tenha afastado ele dos seus fãs mais leais, ele também conseguiu algo que talvez nunca tenha imaginado, trouxe a palavra "arte" para o metal extremo.
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After, lançado em março de 2010, é o terceiro disco solo do artista e seu atestado definitivo como um músico sério e comprometido com sua visão estilística. Enquanto os álbuns anteriores ainda eram tímidos em sua aproximação com o experimental, After escancara esse fato, nos joga algo novo e agora depende de nós sermos capazes de assimilar tudo o que ele propõe. Ficou pra trás qualquer semelhança com Black Metal, mas deixe isso te enganar, After é um disco extremo em todos os sentidos imagináveis. Mesmo que a sonoridade esteja mais próxima de bandas como Opeth e Green Carnation, seria injustiça nossa categorizar essas três bandas dentro de um mesmo gênero. After é um disco incategorizavel e qualquer tentativa minha de rotular ele vai soar amadora e no fim das contas, completamente errada.
Não é de hoje que músicos de Black Metal tem se aventurado em vertentes mais progressivas do seu gênero, no geral, essa experiência tem sido muito bem recebida pelos críticos mas tem afastado e alienado vários fãs. Parte desse tipo de reação vem por conta dos vocais, o que antes era berrado passou a ser cantado, esse é um problema que Ihsahn não tem aqui. A maioria das músicas são cantadas no já famoso estilo "Capeta Enfurecido" que tornou o músico popular, mesmo que em diversas (mesmo) partes do álbum ele demonstre suas capacidades como vocalista empregando diversons tons e efeitos, o grande trunfo do disco está em sua parte instrumental.
Ihsahn é notoriamente conhecido por ser um guitarrista extremamente virtuoso, mesmo que em seus discos com o Emperor isso ficasse maquiado em baixo de um número excessivo de overdubs, sua fama como guitarrista já é lendária. Aqui ele está impossível! Riffs de guitarras complexos, quase com uma pegada de Thrash Metal, são a marca de After. Uma boa novidade para quem está cansado dos "Chunk Chunk" e "Bulululus" dos discos hoje em dia. E como a cereja em cima do bolo, ele não está sozinho, a banda inteira que ele recrutou para tocar em After é excelente, com destaque absoluto para Jorgen Munkeby, pasmem, o SAXOFONISTA do grupo!
Para sumarizar o álbum de uma maneira que fique simples de entender, After é o que o King Crimson seria se o Robert Fripp tivesse nascido na Noruega dos anos 80. Na minha opnião, o destaque do disco é a maravilhosa "Frozen Lakes on Mars", mas todo o resto do álbum é igualmente brilhante. Se há espaço para uma reclamação, é de que o disco é um pouco longo demais, e quando se trata de algo tão intenso musicalmente, acaba se tendo, a primeira audição, a impressão de que muitas músicas são indistinguiveis uma das outras. Eu recomendo After para todo mundo que está com a cabeça aberta para os novos possíveis rumos do metal.
Faixas do álbum
1. The Barren Lands (5:12)
2. A Grave Inversed (4:25)
3. After (4:47)
4. Frozen Lakes on Mars (5:54)
5. Undercurrent (10:00)
6. Austere (6:16)
7. Heavens Black Sea (6:15)
8. On the Shores (10:12)
Tempo Total 53:04
Site Oficial

After, lançado em março de 2010, é o terceiro disco solo do artista e seu atestado definitivo como um músico sério e comprometido com sua visão estilística. Enquanto os álbuns anteriores ainda eram tímidos em sua aproximação com o experimental, After escancara esse fato, nos joga algo novo e agora depende de nós sermos capazes de assimilar tudo o que ele propõe. Ficou pra trás qualquer semelhança com Black Metal, mas deixe isso te enganar, After é um disco extremo em todos os sentidos imagináveis. Mesmo que a sonoridade esteja mais próxima de bandas como Opeth e Green Carnation, seria injustiça nossa categorizar essas três bandas dentro de um mesmo gênero. After é um disco incategorizavel e qualquer tentativa minha de rotular ele vai soar amadora e no fim das contas, completamente errada.
Não é de hoje que músicos de Black Metal tem se aventurado em vertentes mais progressivas do seu gênero, no geral, essa experiência tem sido muito bem recebida pelos críticos mas tem afastado e alienado vários fãs. Parte desse tipo de reação vem por conta dos vocais, o que antes era berrado passou a ser cantado, esse é um problema que Ihsahn não tem aqui. A maioria das músicas são cantadas no já famoso estilo "Capeta Enfurecido" que tornou o músico popular, mesmo que em diversas (mesmo) partes do álbum ele demonstre suas capacidades como vocalista empregando diversons tons e efeitos, o grande trunfo do disco está em sua parte instrumental.
Ihsahn é notoriamente conhecido por ser um guitarrista extremamente virtuoso, mesmo que em seus discos com o Emperor isso ficasse maquiado em baixo de um número excessivo de overdubs, sua fama como guitarrista já é lendária. Aqui ele está impossível! Riffs de guitarras complexos, quase com uma pegada de Thrash Metal, são a marca de After. Uma boa novidade para quem está cansado dos "Chunk Chunk" e "Bulululus" dos discos hoje em dia. E como a cereja em cima do bolo, ele não está sozinho, a banda inteira que ele recrutou para tocar em After é excelente, com destaque absoluto para Jorgen Munkeby, pasmem, o SAXOFONISTA do grupo!
Para sumarizar o álbum de uma maneira que fique simples de entender, After é o que o King Crimson seria se o Robert Fripp tivesse nascido na Noruega dos anos 80. Na minha opnião, o destaque do disco é a maravilhosa "Frozen Lakes on Mars", mas todo o resto do álbum é igualmente brilhante. Se há espaço para uma reclamação, é de que o disco é um pouco longo demais, e quando se trata de algo tão intenso musicalmente, acaba se tendo, a primeira audição, a impressão de que muitas músicas são indistinguiveis uma das outras. Eu recomendo After para todo mundo que está com a cabeça aberta para os novos possíveis rumos do metal.
Faixas do álbum
1. The Barren Lands (5:12)
2. A Grave Inversed (4:25)
3. After (4:47)
4. Frozen Lakes on Mars (5:54)
5. Undercurrent (10:00)
6. Austere (6:16)
7. Heavens Black Sea (6:15)
8. On the Shores (10:12)
Tempo Total 53:04
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quarta-feira, 9 de junho de 2010
Motivacional: Rebuild of Evangelion
Nossa contribuição para os populares posteres motivacionais.

Só para complementar, O QUE ELES ESTAVAM PENSANDO?! Com toda sinceridade, o remake é maravilhoso, tudo que qualquer fã da série sempre sonhou. Agora quem foi o imbecil que achou que seria uma idéia inteligente colocar J-POP no meio de uma luta entre robôs gigantes e anjos sanguinolentos? DUAS VEZES!

Só para complementar, O QUE ELES ESTAVAM PENSANDO?! Com toda sinceridade, o remake é maravilhoso, tudo que qualquer fã da série sempre sonhou. Agora quem foi o imbecil que achou que seria uma idéia inteligente colocar J-POP no meio de uma luta entre robôs gigantes e anjos sanguinolentos? DUAS VEZES!
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terça-feira, 8 de junho de 2010
Resenha: Devin Townsend - Addicted
Nessa coluna analisamos novidades musicais, cinematográficas ou do mundo dos games.
Uma triste realidade do rock moderno é que depois que um músico sai da desintoxicação ele invariavelmente fica careta, quadrado e irreconhecível. O último no barco da "rehab" foi Devin Townsend. O multi-instrumentista, vocalista e tradicional malucão do metal extremo lança seu primeiro álbum "de verdade" após seu tratamento. No começo de 2009 ele lançou Ki, um disco experimental, com uma menor distribuição e que boa parte das músicas foram compostas durante o tratamento. A boa notícia disso tudo? Devin Townsend continua o mesmo! Melódico, extremo, experimental e violento!
Addicted, lançado em dezembro de 2009, é um excelente álbum pra quem não conhece ou não está familiarizado com o artista. O ex-guitarrista do Strapping Young Lad tem uma carreira solo prolífica com 9 discos lançados em 12 anos. Conhecido por nunca se repetir e por nunca fazer o que os fãs acham que ele vai fazer, Addicted não é diferente, aqui ele resolveu dividir a função de vocalista com a bela Anneke van Giersbergen (The Gathering) e ninguém melhor do que ela, com seu tom de voz sereno e angelical para balancear a potência e agressividade do músico.
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Addicted é um dos melhores álbuns do Devin Townsend e definitivamente o maior lançamento de metal do ano passado. O disco começa com a faixa título e já de cara demonstra algo que vai ser predominante durante o álbum. Guitarras distorcidas, extremamente comprimidas, uma parede de sonoridade e por incrível que parece, refrões pegajosos! Dizer que o disco parece uma mistura de Meshuggah com Vengaboys não é exagero, enquanto algumas faixas puxam para o metal extremo (Addicted, Universe In a Ball e The Way Home), outras flertam violentamente com o puro progressivo (Supercrush, Hyperdrive, Resolve, Numbered e Awake) e o disco ainda completa com uma faixa extremamente comercial (Bend It Like Bender, que é praticamente Eurodance... sério) e uma delicadíssima balada (Ih-Ah!).
Meus destaques particulares são Supercrush, Resolve e Numbered. Mas o interessante desse álbum é que ele parece agradar pessoas de diversos gostos, mesmo quem nunca ouviu metal consegue aproveitar músicas como Bend it like Bender e Ih-Ah. Fato disso, é que o clipe de Bend it like Bender tem circulação (um tanto quanto limitada é claro) dentro da MTV.
Para quem não conhece Devin, eu recomendo o álbum para se familiarizar com todas as facetas do músico. Para quem já conhece e é fã é apenas mais um exemplo do quão eclético e criativo Devin Townsend pode ser. Addicted é um álbum fantástico e eu recomendo para todos!
Faixas do álbum
1. Addicted! (5:37)
2. Universe In A Ball! (4:09)
3. Bend It Like Bender! (3:37)
4. Supercrush! (5:13)
5. Hyperdrive! (3:36)
6. Resolve! (3:12)
7. Ih-Ah! (3:45)
8. The Way Home! (3:14)
9. Numbered! (4:55)
10. Awake!! (9:44)
Tempo Total 46:49
Site Oficial

Addicted, lançado em dezembro de 2009, é um excelente álbum pra quem não conhece ou não está familiarizado com o artista. O ex-guitarrista do Strapping Young Lad tem uma carreira solo prolífica com 9 discos lançados em 12 anos. Conhecido por nunca se repetir e por nunca fazer o que os fãs acham que ele vai fazer, Addicted não é diferente, aqui ele resolveu dividir a função de vocalista com a bela Anneke van Giersbergen (The Gathering) e ninguém melhor do que ela, com seu tom de voz sereno e angelical para balancear a potência e agressividade do músico.
Addicted é um dos melhores álbuns do Devin Townsend e definitivamente o maior lançamento de metal do ano passado. O disco começa com a faixa título e já de cara demonstra algo que vai ser predominante durante o álbum. Guitarras distorcidas, extremamente comprimidas, uma parede de sonoridade e por incrível que parece, refrões pegajosos! Dizer que o disco parece uma mistura de Meshuggah com Vengaboys não é exagero, enquanto algumas faixas puxam para o metal extremo (Addicted, Universe In a Ball e The Way Home), outras flertam violentamente com o puro progressivo (Supercrush, Hyperdrive, Resolve, Numbered e Awake) e o disco ainda completa com uma faixa extremamente comercial (Bend It Like Bender, que é praticamente Eurodance... sério) e uma delicadíssima balada (Ih-Ah!).
Meus destaques particulares são Supercrush, Resolve e Numbered. Mas o interessante desse álbum é que ele parece agradar pessoas de diversos gostos, mesmo quem nunca ouviu metal consegue aproveitar músicas como Bend it like Bender e Ih-Ah. Fato disso, é que o clipe de Bend it like Bender tem circulação (um tanto quanto limitada é claro) dentro da MTV.
Para quem não conhece Devin, eu recomendo o álbum para se familiarizar com todas as facetas do músico. Para quem já conhece e é fã é apenas mais um exemplo do quão eclético e criativo Devin Townsend pode ser. Addicted é um álbum fantástico e eu recomendo para todos!
Faixas do álbum
1. Addicted! (5:37)
2. Universe In A Ball! (4:09)
3. Bend It Like Bender! (3:37)
4. Supercrush! (5:13)
5. Hyperdrive! (3:36)
6. Resolve! (3:12)
7. Ih-Ah! (3:45)
8. The Way Home! (3:14)
9. Numbered! (4:55)
10. Awake!! (9:44)
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Filosofando: Videogames e as mulheres
Filosofando é uma coluna onde discutimos opniões pessoais e divagações aleatórias sobre o universo nerd
Durante muito tempo umas das questões que mais me atormentou a vida era "Por que as mulheres não jogam videogames?". Mal sabia eu que o meu problema foi na formulação da pergunta, depois de muito divagar sobre o assunto ficou claro pra mim que o problema não são as mulheres... somos nós.
Já irei começar essa coluna deixando claro que eu não tenho a intenção de generalizar o assunto. Eu estou ciente que existe um número crescente de garotas gamers e isso tende a aumentar ainda mais com a popularização dos consoles casuais (ou como meu amigo Saico muito bem apontou, consoles de brinquedo).
Não é segredo para ninguém que mulheres são diferentes de homens em quase todas as maneiras possíveis, seja em seus gostos pessoais ou em suas atitudes e reações. Seria de se espantar que algo feito com um público em mente fosse automaticamente atingir um outro completamente opositor. E é aí que reside o grande problema. Todos os jogos são feitos com o público masculino em mente e existem alguns jogos, que são muito ruins inclusive, feito para mulheres. Raras excessões, quase todos os jogos que são lançados hoje em dia são feitos com homens entre 20 e 35 anos como público alvo.
Isso acaba gerando uma certa infamiliaridade para as garotas que querem entrar no mundo dos videogames. A sexualização e a objetificação das personagens femininas nos jogos chega a ser vergonhosa. Raramente um jogo tem uma personagem principal mulher, e quando tem, ela é basicamente um objeto sexual que atira e pula precipícios. Fato rápido, se nós quisermos mulheres em nossa lista de amigos no XBox Live, ISSO PRECISA ACABAR!
Continue lendo...
Em outra frente, os jogos feitos exclusivamente para mulheres são notoriamente ruins, pegue qualquer jogo da Barbie ou do Sex and The City (sim, existem), eles tratam suas jogadoras como absolutas retardadas, incapazes de fazer algo simples como usar mais de dois botões. O resultado disso é uma distância ainda maior entre os gêneros. Homens pegam jogos elaboradíssimos, onde ele é um herói que salva o universo de uma raça de vermes comedores de cérebro... e ela vai as compras com seu pequeno ponei.
Existem excessões é claro. Os populares MMORPGs tem uma população feminina equilibrada com a masculina em quase todas as variações possíveis, seja no WoW, no Star Trek Online ou no Age of Conan. A pergunta que você pode estar se fazendo é: Por que isso? E a resposta é muito simples, nesses jogos as mulheres são tratadas como iguais em relação aos homens. Uma fêmea gnomo pode ser uma guerreira tão boa quanto qualquer homem orc, não existe descriminação. E querendo ou não, um fato que nós não podemos ignorar é de que as mulheres se importam mais com a própria aparência virtual do que os homens. Nós não temos nenhum problema em jogar com personagens femininos, mas raramente nós vemos o contrário, uma garota jogando com um personagem masculino.
Parece uma fórmula simples, você pega personagens femininas não estereotipadas e sexualizadas, coloca em pé de igualdade com qualquer personagem masculino, dentro de um jogo em que elas podem fazer exatamente as mesmas coisas do que qualquer homem, e você tem em mãos uma garota gamer. Todo mundo só tem a ganhar, as empresas aumentaram o nicho de mercado, nós homens teremos vozes femininas de verdade para ouvir no mic chat do nosso First Person Shooter (que não seja um menino de 12 anos reclamando que o Medic não estava perto dele quando ele entrou correndo sozinho na base inimiga), e de quebra, ainda perdemos a fama de machista que nós temos. O que acontece então? Eu não tenho uma resposta exata sobre isso, mas parte de mim está prestes a se aceitar um fato que pode ser muito relavante ao assunto.
VIDEOGAMES SÃO FEITOS NO JAPÃO! (em sua grande parte)
Eu não sou capaz de afirmar com certeza que a cultura japonesa é ou não mais machista que a nossa, mas as demonstrações que nós temos de produtos "Made in Japan" nos levam a acreditar nisso. Difícil encontrarmos qualquer personagem feminina de Anime que não seja objetífica ao extremo, até mesmo personagens que são inteligentíssimas e um ótimo exemplo de igualdade de gênero acaba sendo sexualizada. Veja a Misato Katsuragi de Evangelion, ela é uma coronel do exército, treinada em diversos tipos de combate, capaz de derrotar DEUS em uma batalha estratégica bélica e ainda assim, todo episódio, sem excessão, nós temos uma cena em que ela está em uma posição absurdamente desconfortável que só serve para que a bunda dela esteja na nossa cara o tempo todo!
Não me levem a mal. Eu adoro mulheres! Pensando como homem, esse tipo de exposição é edificante (por assim dizer). Mas eu prefiro muito mais que minha namorada jogue comigo do que eu fique no meu quarto jogando Bloodrayne sozinho (ou com um bando de cueca). Se nós quisermos que elas se juntem a nós, coisas precisam mudar. Digam não a objetificação das mulheres nos videogames e assim nós teremos companhias muito mais agradáveis para jogar Metal Gear conosco.

Já irei começar essa coluna deixando claro que eu não tenho a intenção de generalizar o assunto. Eu estou ciente que existe um número crescente de garotas gamers e isso tende a aumentar ainda mais com a popularização dos consoles casuais (ou como meu amigo Saico muito bem apontou, consoles de brinquedo).
Não é segredo para ninguém que mulheres são diferentes de homens em quase todas as maneiras possíveis, seja em seus gostos pessoais ou em suas atitudes e reações. Seria de se espantar que algo feito com um público em mente fosse automaticamente atingir um outro completamente opositor. E é aí que reside o grande problema. Todos os jogos são feitos com o público masculino em mente e existem alguns jogos, que são muito ruins inclusive, feito para mulheres. Raras excessões, quase todos os jogos que são lançados hoje em dia são feitos com homens entre 20 e 35 anos como público alvo.
Isso acaba gerando uma certa infamiliaridade para as garotas que querem entrar no mundo dos videogames. A sexualização e a objetificação das personagens femininas nos jogos chega a ser vergonhosa. Raramente um jogo tem uma personagem principal mulher, e quando tem, ela é basicamente um objeto sexual que atira e pula precipícios. Fato rápido, se nós quisermos mulheres em nossa lista de amigos no XBox Live, ISSO PRECISA ACABAR!

Existem excessões é claro. Os populares MMORPGs tem uma população feminina equilibrada com a masculina em quase todas as variações possíveis, seja no WoW, no Star Trek Online ou no Age of Conan. A pergunta que você pode estar se fazendo é: Por que isso? E a resposta é muito simples, nesses jogos as mulheres são tratadas como iguais em relação aos homens. Uma fêmea gnomo pode ser uma guerreira tão boa quanto qualquer homem orc, não existe descriminação. E querendo ou não, um fato que nós não podemos ignorar é de que as mulheres se importam mais com a própria aparência virtual do que os homens. Nós não temos nenhum problema em jogar com personagens femininos, mas raramente nós vemos o contrário, uma garota jogando com um personagem masculino.
Parece uma fórmula simples, você pega personagens femininas não estereotipadas e sexualizadas, coloca em pé de igualdade com qualquer personagem masculino, dentro de um jogo em que elas podem fazer exatamente as mesmas coisas do que qualquer homem, e você tem em mãos uma garota gamer. Todo mundo só tem a ganhar, as empresas aumentaram o nicho de mercado, nós homens teremos vozes femininas de verdade para ouvir no mic chat do nosso First Person Shooter (que não seja um menino de 12 anos reclamando que o Medic não estava perto dele quando ele entrou correndo sozinho na base inimiga), e de quebra, ainda perdemos a fama de machista que nós temos. O que acontece então? Eu não tenho uma resposta exata sobre isso, mas parte de mim está prestes a se aceitar um fato que pode ser muito relavante ao assunto.

Eu não sou capaz de afirmar com certeza que a cultura japonesa é ou não mais machista que a nossa, mas as demonstrações que nós temos de produtos "Made in Japan" nos levam a acreditar nisso. Difícil encontrarmos qualquer personagem feminina de Anime que não seja objetífica ao extremo, até mesmo personagens que são inteligentíssimas e um ótimo exemplo de igualdade de gênero acaba sendo sexualizada. Veja a Misato Katsuragi de Evangelion, ela é uma coronel do exército, treinada em diversos tipos de combate, capaz de derrotar DEUS em uma batalha estratégica bélica e ainda assim, todo episódio, sem excessão, nós temos uma cena em que ela está em uma posição absurdamente desconfortável que só serve para que a bunda dela esteja na nossa cara o tempo todo!
Não me levem a mal. Eu adoro mulheres! Pensando como homem, esse tipo de exposição é edificante (por assim dizer). Mas eu prefiro muito mais que minha namorada jogue comigo do que eu fique no meu quarto jogando Bloodrayne sozinho (ou com um bando de cueca). Se nós quisermos que elas se juntem a nós, coisas precisam mudar. Digam não a objetificação das mulheres nos videogames e assim nós teremos companhias muito mais agradáveis para jogar Metal Gear conosco.
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segunda-feira, 7 de junho de 2010
Gamer Pobre: Torchlight
Gamer Pobre é uma coluna sobre jogos gratuitos ou promocionais que cabem no bolso de qualquer um
Na coluna Gamer Pobre dessa semana eu vou tornar a espera pelo próximo jogo da série Diablo bem mais fácil. Se você, assim como eu, está a 10 anos esperando pela sua chance de matar o cramulhão mais uma vez, mas sabe muito bem que a Blizzard tem um filho favorito (cofWOWcof) e que as outras duas séries estão fadadas a um incomodo segundo plano. Não se desespere! Tio Fusso chegou para te salvar!
Se você tem vivido alegremente em baixo de uma pedra nesses últimos anos, não deve estar sabendo das mudanças ocorridas dentro da Blizzard. Após o lançamento da segunda expansão do World of Warcraft, o The Burning Crusade, aconteceu uma espécie de "limpeza" estilística dentro da empresa. Basicamente o que aconteceu é que os desenvolvedores que vieram de empresas compradas pela Blizzard foram sumariamente demitidos. Isso representou a dissolulação da North, estúdio responsável pelos dois primeiros jogos da série Diablo.
Isso explica a brutal diferença na arte do Diablo 3 para os jogos anteriores da série, os principais nomes por trás daqueles jogos não estão mais na criação da terceira parte. O que vai acontecer por causa disso? Ainda não sabemos, mas provavelmente nada demais. A Blizzard jamais lançaria um jogo meio bom, eles são perfeccionistas ao extremo, com certeza Diablo 3 vai ser animal, só um pouco diferente. Isso não significa então que nós não poderemos ver o que os responsáveis pelos outros dois Diablos tem em mente. Entra em campo... Torchlight
Continue lendo...

Torchlight é um jogo de RPG de ação desenvolvido pela Runic Games, empresa dos criadores do Diablo 1 e 2. Em todos os possíveis cenários imagináveis, Torchlight é na verdade um remake do primeiro jogo da série, mudou-se o cenário e o nome das coisas, mas de resto, o jogo é exatamente igual. A história do vilarejo construído em cima do portal para SATÃ se mantém intacta.
A sensação de remake fica impressa em cada detalhe do jogo. A trilha sonora é novamente composta por Matt Uelmen, que também tem em seu curriculo as duas primeiras partes do World of Warcraft e o RTS Starcraft, para quem já está familiarizado com esses jogos sabe a qualidade das músicas que ele escreve. Ainda mais quando o tema principal do jogo é um remake da música que toca na cidade do Diablo 1.
Outro detalhe do jogo que é praticamente copiado do primeiro Diablo é a jogabilidade, algumas das inovações trazidas do Diablo 2 são usadas aqui, como por exemplo os diferentes talentos que seus personagens podem ter, as gemas que podem ser colocadas em itens para lhes proporcionar propriedades mágicas, a transmutação de objetos e a maior ênfase em "minions" para te auxiliar na sua busca. Ainda assim, o núcleo da jogabilidade se mantém extremamente fiel ao primeiro Diablo, você clica onde quer andar, você clica em quem quer matar, e depois clica clica clica até a tela inteira estar repleta de loot e corpos retalhados. Fácil, simples, intuitivo e estranhamente muito viciante.
As diferenças acabam sendo mais voltadas para a parte gráfica do jogo. Ao contrário da série em que ele foi inspirado, Torchlight é um jogo com gráficos em 3D e super-deformados. Tem um certo "feeling" cartunesco para a direção de arte, isso pode causar estranheza para quem esperava o aspecto mais gótico do primeiro jogo, Torchlight é colorido, com figuras exageradas e habilidades grandiosas com vários efeitos de luz.
Uma vantagem do jogo em relação a outros jogo é que aqui eles simplesmente cortam qualquer invenção quando se trata de classes de personagem e voltam aos 3 básicos e práticos. Na atual situação, o WoW tem tantas classes que equilibrar elas ficou mais difícil do que tentar andar de perna de pau sobre duas esteiras em velocidades diferentes. Torchlight nos apresenta um Guerreiro, um Mago e um Arqueiro. Como no primeiro Diablo, os personagens tem sexo definido. O gigantesco e musculoso guerreiro, um mago que parece saído de um seriado adolescente e uma personagem com seios gigantes para a função arqueira.
O jogo é consistentemente mais longo que o Diablo original e os cenários são mais diversificados, tendo como base 7 "sets" e não apenas 4. Melhor ainda, dezenas de missões opcionais e uma já gigantesca base de fãs criando mods e mais mods que aumentam ainda mais o tempo de jogo (só as quests obrigatórias vão te consumir pelo menos 30 horas), Torchlight entrega mais do que você imagina para saciar sua fome de RPGs de ação!
Agora a parte que nos interessa. Torchlight é um título promocional, vendido no site oficial por apenas 20 dólares, podendo ser pago pelo Pay Pal, ou seja, nem precisa de cartão internacional! O Download é pequeno (400 megas) e o jogo é MUITO leve, tem até uma opção de "modo netbook", para você conseguir jogar em máquinas bem antigas, na prática se você roda Diablo 2 você também vai conseguir rodar esse jogo. Fusso recomenda!
Site Oficial com link para compra e download

Se você tem vivido alegremente em baixo de uma pedra nesses últimos anos, não deve estar sabendo das mudanças ocorridas dentro da Blizzard. Após o lançamento da segunda expansão do World of Warcraft, o The Burning Crusade, aconteceu uma espécie de "limpeza" estilística dentro da empresa. Basicamente o que aconteceu é que os desenvolvedores que vieram de empresas compradas pela Blizzard foram sumariamente demitidos. Isso representou a dissolulação da North, estúdio responsável pelos dois primeiros jogos da série Diablo.
Isso explica a brutal diferença na arte do Diablo 3 para os jogos anteriores da série, os principais nomes por trás daqueles jogos não estão mais na criação da terceira parte. O que vai acontecer por causa disso? Ainda não sabemos, mas provavelmente nada demais. A Blizzard jamais lançaria um jogo meio bom, eles são perfeccionistas ao extremo, com certeza Diablo 3 vai ser animal, só um pouco diferente. Isso não significa então que nós não poderemos ver o que os responsáveis pelos outros dois Diablos tem em mente. Entra em campo... Torchlight

Torchlight é um jogo de RPG de ação desenvolvido pela Runic Games, empresa dos criadores do Diablo 1 e 2. Em todos os possíveis cenários imagináveis, Torchlight é na verdade um remake do primeiro jogo da série, mudou-se o cenário e o nome das coisas, mas de resto, o jogo é exatamente igual. A história do vilarejo construído em cima do portal para SATÃ se mantém intacta.
A sensação de remake fica impressa em cada detalhe do jogo. A trilha sonora é novamente composta por Matt Uelmen, que também tem em seu curriculo as duas primeiras partes do World of Warcraft e o RTS Starcraft, para quem já está familiarizado com esses jogos sabe a qualidade das músicas que ele escreve. Ainda mais quando o tema principal do jogo é um remake da música que toca na cidade do Diablo 1.
Outro detalhe do jogo que é praticamente copiado do primeiro Diablo é a jogabilidade, algumas das inovações trazidas do Diablo 2 são usadas aqui, como por exemplo os diferentes talentos que seus personagens podem ter, as gemas que podem ser colocadas em itens para lhes proporcionar propriedades mágicas, a transmutação de objetos e a maior ênfase em "minions" para te auxiliar na sua busca. Ainda assim, o núcleo da jogabilidade se mantém extremamente fiel ao primeiro Diablo, você clica onde quer andar, você clica em quem quer matar, e depois clica clica clica até a tela inteira estar repleta de loot e corpos retalhados. Fácil, simples, intuitivo e estranhamente muito viciante.
As diferenças acabam sendo mais voltadas para a parte gráfica do jogo. Ao contrário da série em que ele foi inspirado, Torchlight é um jogo com gráficos em 3D e super-deformados. Tem um certo "feeling" cartunesco para a direção de arte, isso pode causar estranheza para quem esperava o aspecto mais gótico do primeiro jogo, Torchlight é colorido, com figuras exageradas e habilidades grandiosas com vários efeitos de luz.
Uma vantagem do jogo em relação a outros jogo é que aqui eles simplesmente cortam qualquer invenção quando se trata de classes de personagem e voltam aos 3 básicos e práticos. Na atual situação, o WoW tem tantas classes que equilibrar elas ficou mais difícil do que tentar andar de perna de pau sobre duas esteiras em velocidades diferentes. Torchlight nos apresenta um Guerreiro, um Mago e um Arqueiro. Como no primeiro Diablo, os personagens tem sexo definido. O gigantesco e musculoso guerreiro, um mago que parece saído de um seriado adolescente e uma personagem com seios gigantes para a função arqueira.
O jogo é consistentemente mais longo que o Diablo original e os cenários são mais diversificados, tendo como base 7 "sets" e não apenas 4. Melhor ainda, dezenas de missões opcionais e uma já gigantesca base de fãs criando mods e mais mods que aumentam ainda mais o tempo de jogo (só as quests obrigatórias vão te consumir pelo menos 30 horas), Torchlight entrega mais do que você imagina para saciar sua fome de RPGs de ação!
Agora a parte que nos interessa. Torchlight é um título promocional, vendido no site oficial por apenas 20 dólares, podendo ser pago pelo Pay Pal, ou seja, nem precisa de cartão internacional! O Download é pequeno (400 megas) e o jogo é MUITO leve, tem até uma opção de "modo netbook", para você conseguir jogar em máquinas bem antigas, na prática se você roda Diablo 2 você também vai conseguir rodar esse jogo. Fusso recomenda!
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Filosofando: Sétima geração de consoles ou como o Wii vai matar todos nós
Filosofando é uma coluna onde discutimos opniões pessoais e divagações aleatórias sobre o universo nerd
É um fato bem difundido que nerds tendem a ser indiferentes em relação a esportes. E eu não estou nem sequer falando de praticar esportes, estou falando de acompanhar um time de futebol ou qualquer outro esporte que venha a cabeça. Claro que como brasileiro eu tenho um time, eu até me importo com o que está acontecendo mas eu definitivamente não sou um torcedor roxo, daqueles que fica doente e chora por que seu time do coração não consegue acertar um penalti nem se o goleiro do time adversário tiver saído para ir ao banheiro na hora da cobrança. Mas deixe-me fazer um adendo... Eu não sou um torcedor DE FUTEBOL roxo, já que se tratando de consoles para videogames a coisa muda radicalmente.
Como quase todo mundo na minha faixa etária, eu comecei com o Atari 2600. Por mais que a nostalgia nos lembre com alegria dos blips e blops da placa de som e os pixels do tamanho de gatos que nós jurávamos ser um cavaleiro carregando uma espada. A verdade era um pouco diferente. Os cartuchos quase nunca funcionavam do jeito correto, as versões mais populares do Atari (Dactari e por ae vai) eram acometidas com erros de hardware constantes, os joysticks se quebravam com a maior facilidade de mundo, entre outras coisas.
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Nessa época nós não tinhamos muita escolha. O Atari devia ser responsável por 99% de todos os consoles da época. Existiam alternativas, Colecovision, Intellivision, MSX, Spectrum ZX, Commodoro 64... parando para analisar friamente, a quantidade de consoles que existia naquela época eclipsaria qualquer coisa hoje em dia. Mas nada disso era realidade no Brasil, nós tinhamos o Atari e era basicamente isso.
O resto da história é bem difundido e eu acredito que todos vocês já estejam familiarizados com os fatos, portanto não vou me aprofundar muito no assunto. Mas resumindo, Atari faliu, a indústria de jogos foi enterrada junto com as milhares de cópias do E.T e o foco da industria atravessou o pacífico e chegou ao Japão. Nesse ponto que começa a guerra dos consoles.
Damos um fast-forward em 20 anos e nós temos a fadada sétima geração. Pela primeira vez desde o crash de 83, existem mais do que dois consoles realmente brigando pela hegemonia comercial. O Sony Playstation 3, Microsoft Xbox 360 e o Nintendo Wii.
Enquanto os consoles da Sony e da Microsoft estão brigando pelo mesmo nicho e com um conceito que é uma continuação ideológica do que vinha sendo feito anteriormente, o Wii tentou uma nova estratégia, a de trazer os chamados "jogadores casuais" para frente da TV. O resultado pode ser visto como algo muito bom para a maioria, mas na minha sincera opnião, o Wii pode ser o fim dos videogames como conhecemos.
(música dramática)
Agora eu explico. Uma verdade que nenhum fã de nenhum console pode negar é que o Wii fez dinheiro, fez muito MUITO dinheiro. Mesmo sem dados oficiais, eu posso já afirmar que o Wii é o campeão da atual guerra de consoles. E isso vem com um preço bem caro para todos nós, o modelo atual de fazer jogos já não é mais lucrativo, e quando se fala de consoles a única preocupação das empresas é dinheiro.
Como todo fã de videogames, eu gosto de imaginar meu divertimento como uma espécie de forma underground de arte. Claro, eu sou um daqueles que acredita que a única coisa que falta para videogames serem considerados arte é tempo. Tempo para a mídia e a população geral se acostumar com a idéia de que videogames não são brinquedos.
Isso é, caso o modelo Wii falhe.
Pense assim, jogos de arte não são necessariamente complexos, mas eles precisam de alguns elementos importantíssimos, como um enredo interessante e bem escrito, uma boa atmosfera, personagens cativantes e em um segundo plano, boa jogabilidade e acessibilidade.
Assim como o cinema, a tal da mídia artística normalmente não é acessível a todos. Tem gente que morre de tédio de ver um filme do Godard e quase ninguém que não tenha estudade arte consegue entender por que o Pollock é considerado um gênio quando ele desenha que nem uma criança bêbada com Parkinson.
O problema desse sistema é que coisas boas custam dinheiro. E aqui entra o paradigma, criadores de jogos querem ser reconhecidos como artístas, empresas querem apenas o lucro. Seria muita ingenuidade nossa acreditar que a Microsoft ou a Sony se preocupa com a integridade artística dos seus funcionários. Eles querem uma coisa só, DINHEIRO.
Quando o modelo mais lucrativo é o de pequenos jogos, quase sem enredo, que envolvem pouco mais do que chacoalhar uma arma de destruição em massa de uma lado para o outro (sério, procurem os ferimentos causados pelos controles do Wii). Sobra pouco espaço para jogos mais complexos.
Talvez seja o caminho natural das coisas, mudanças acontecem o tempo todo e o que nos sobra é a nostalgia e as lembranças. Mas no fundo, eu sinto que nós chegamos muito perto da maturidade como forma de arte mas não fomos capazes de atravessar a linha de chegada. De qualquer modo, nós temos um novo alvorecer com a oitava geração chegando, e não se estranhe se o próximo console da Sony se parecer mais com um Wii do que com um simulador de realidade virtual.
O mundo é da Nintendo denovo, e por mais que nos doa dizer isso. Nós perdemos. O Xbox e o Playstation 3 serão os últimos consoles de grande porte a lutarem uma guerra com chances de ganhar.

Como quase todo mundo na minha faixa etária, eu comecei com o Atari 2600. Por mais que a nostalgia nos lembre com alegria dos blips e blops da placa de som e os pixels do tamanho de gatos que nós jurávamos ser um cavaleiro carregando uma espada. A verdade era um pouco diferente. Os cartuchos quase nunca funcionavam do jeito correto, as versões mais populares do Atari (Dactari e por ae vai) eram acometidas com erros de hardware constantes, os joysticks se quebravam com a maior facilidade de mundo, entre outras coisas.
Nessa época nós não tinhamos muita escolha. O Atari devia ser responsável por 99% de todos os consoles da época. Existiam alternativas, Colecovision, Intellivision, MSX, Spectrum ZX, Commodoro 64... parando para analisar friamente, a quantidade de consoles que existia naquela época eclipsaria qualquer coisa hoje em dia. Mas nada disso era realidade no Brasil, nós tinhamos o Atari e era basicamente isso.
O resto da história é bem difundido e eu acredito que todos vocês já estejam familiarizados com os fatos, portanto não vou me aprofundar muito no assunto. Mas resumindo, Atari faliu, a indústria de jogos foi enterrada junto com as milhares de cópias do E.T e o foco da industria atravessou o pacífico e chegou ao Japão. Nesse ponto que começa a guerra dos consoles.
Damos um fast-forward em 20 anos e nós temos a fadada sétima geração. Pela primeira vez desde o crash de 83, existem mais do que dois consoles realmente brigando pela hegemonia comercial. O Sony Playstation 3, Microsoft Xbox 360 e o Nintendo Wii.
Enquanto os consoles da Sony e da Microsoft estão brigando pelo mesmo nicho e com um conceito que é uma continuação ideológica do que vinha sendo feito anteriormente, o Wii tentou uma nova estratégia, a de trazer os chamados "jogadores casuais" para frente da TV. O resultado pode ser visto como algo muito bom para a maioria, mas na minha sincera opnião, o Wii pode ser o fim dos videogames como conhecemos.
(música dramática)
Agora eu explico. Uma verdade que nenhum fã de nenhum console pode negar é que o Wii fez dinheiro, fez muito MUITO dinheiro. Mesmo sem dados oficiais, eu posso já afirmar que o Wii é o campeão da atual guerra de consoles. E isso vem com um preço bem caro para todos nós, o modelo atual de fazer jogos já não é mais lucrativo, e quando se fala de consoles a única preocupação das empresas é dinheiro.
Como todo fã de videogames, eu gosto de imaginar meu divertimento como uma espécie de forma underground de arte. Claro, eu sou um daqueles que acredita que a única coisa que falta para videogames serem considerados arte é tempo. Tempo para a mídia e a população geral se acostumar com a idéia de que videogames não são brinquedos.
Isso é, caso o modelo Wii falhe.
Pense assim, jogos de arte não são necessariamente complexos, mas eles precisam de alguns elementos importantíssimos, como um enredo interessante e bem escrito, uma boa atmosfera, personagens cativantes e em um segundo plano, boa jogabilidade e acessibilidade.
Assim como o cinema, a tal da mídia artística normalmente não é acessível a todos. Tem gente que morre de tédio de ver um filme do Godard e quase ninguém que não tenha estudade arte consegue entender por que o Pollock é considerado um gênio quando ele desenha que nem uma criança bêbada com Parkinson.
O problema desse sistema é que coisas boas custam dinheiro. E aqui entra o paradigma, criadores de jogos querem ser reconhecidos como artístas, empresas querem apenas o lucro. Seria muita ingenuidade nossa acreditar que a Microsoft ou a Sony se preocupa com a integridade artística dos seus funcionários. Eles querem uma coisa só, DINHEIRO.
Quando o modelo mais lucrativo é o de pequenos jogos, quase sem enredo, que envolvem pouco mais do que chacoalhar uma arma de destruição em massa de uma lado para o outro (sério, procurem os ferimentos causados pelos controles do Wii). Sobra pouco espaço para jogos mais complexos.
Talvez seja o caminho natural das coisas, mudanças acontecem o tempo todo e o que nos sobra é a nostalgia e as lembranças. Mas no fundo, eu sinto que nós chegamos muito perto da maturidade como forma de arte mas não fomos capazes de atravessar a linha de chegada. De qualquer modo, nós temos um novo alvorecer com a oitava geração chegando, e não se estranhe se o próximo console da Sony se parecer mais com um Wii do que com um simulador de realidade virtual.
O mundo é da Nintendo denovo, e por mais que nos doa dizer isso. Nós perdemos. O Xbox e o Playstation 3 serão os últimos consoles de grande porte a lutarem uma guerra com chances de ganhar.
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