terça-feira, 8 de junho de 2010

Filosofando: Videogames e as mulheres

Filosofando é uma coluna onde discutimos opniões pessoais e divagações aleatórias sobre o universo nerd

Durante muito tempo umas das questões que mais me atormentou a vida era "Por que as mulheres não jogam videogames?". Mal sabia eu que o meu problema foi na formulação da pergunta, depois de muito divagar sobre o assunto ficou claro pra mim que o problema não são as mulheres... somos nós.

Já irei começar essa coluna deixando claro que eu não tenho a intenção de generalizar o assunto. Eu estou ciente que existe um número crescente de garotas gamers e isso tende a aumentar ainda mais com a popularização dos consoles casuais (ou como meu amigo Saico muito bem apontou, consoles de brinquedo).

Não é segredo para ninguém que mulheres são diferentes de homens em quase todas as maneiras possíveis, seja em seus gostos pessoais ou em suas atitudes e reações. Seria de se espantar que algo feito com um público em mente fosse automaticamente atingir um outro completamente opositor. E é aí que reside o grande problema. Todos os jogos são feitos com o público masculino em mente e existem alguns jogos, que são muito ruins inclusive, feito para mulheres. Raras excessões, quase todos os jogos que são lançados hoje em dia são feitos com homens entre 20 e 35 anos como público alvo.

Isso acaba gerando uma certa infamiliaridade para as garotas que querem entrar no mundo dos videogames. A sexualização e a objetificação das personagens femininas nos jogos chega a ser vergonhosa. Raramente um jogo tem uma personagem principal mulher, e quando tem, ela é basicamente um objeto sexual que atira e pula precipícios. Fato rápido, se nós quisermos mulheres em nossa lista de amigos no XBox Live, ISSO PRECISA ACABAR!

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Em outra frente, os jogos feitos exclusivamente para mulheres são notoriamente ruins, pegue qualquer jogo da Barbie ou do Sex and The City (sim, existem), eles tratam suas jogadoras como absolutas retardadas, incapazes de fazer algo simples como usar mais de dois botões. O resultado disso é uma distância ainda maior entre os gêneros. Homens pegam jogos elaboradíssimos, onde ele é um herói que salva o universo de uma raça de vermes comedores de cérebro... e ela vai as compras com seu pequeno ponei.

Existem excessões é claro. Os populares MMORPGs tem uma população feminina equilibrada com a masculina em quase todas as variações possíveis, seja no WoW, no Star Trek Online ou no Age of Conan. A pergunta que você pode estar se fazendo é: Por que isso? E a resposta é muito simples, nesses jogos as mulheres são tratadas como iguais em relação aos homens. Uma fêmea gnomo pode ser uma guerreira tão boa quanto qualquer homem orc, não existe descriminação. E querendo ou não, um fato que nós não podemos ignorar é de que as mulheres se importam mais com a própria aparência virtual do que os homens. Nós não temos nenhum problema em jogar com personagens femininos, mas raramente nós vemos o contrário, uma garota jogando com um personagem masculino.

Parece uma fórmula simples, você pega personagens femininas não estereotipadas e sexualizadas, coloca em pé de igualdade com qualquer personagem masculino, dentro de um jogo em que elas podem fazer exatamente as mesmas coisas do que qualquer homem, e você tem em mãos uma garota gamer. Todo mundo só tem a ganhar, as empresas aumentaram o nicho de mercado, nós homens teremos vozes femininas de verdade para ouvir no mic chat do nosso First Person Shooter (que não seja um menino de 12 anos reclamando que o Medic não estava perto dele quando ele entrou correndo sozinho na base inimiga), e de quebra, ainda perdemos a fama de machista que nós temos. O que acontece então? Eu não tenho uma resposta exata sobre isso, mas parte de mim está prestes a se aceitar um fato que pode ser muito relavante ao assunto.

VIDEOGAMES SÃO FEITOS NO JAPÃO! (em sua grande parte)

Eu não sou capaz de afirmar com certeza que a cultura japonesa é ou não mais machista que a nossa, mas as demonstrações que nós temos de produtos "Made in Japan" nos levam a acreditar nisso. Difícil encontrarmos qualquer personagem feminina de Anime que não seja objetífica ao extremo, até mesmo personagens que são inteligentíssimas e um ótimo exemplo de igualdade de gênero acaba sendo sexualizada. Veja a Misato Katsuragi de Evangelion, ela é uma coronel do exército, treinada em diversos tipos de combate, capaz de derrotar DEUS em uma batalha estratégica bélica e ainda assim, todo episódio, sem excessão, nós temos uma cena em que ela está em uma posição absurdamente desconfortável que só serve para que a bunda dela esteja na nossa cara o tempo todo!

Não me levem a mal. Eu adoro mulheres! Pensando como homem, esse tipo de exposição é edificante (por assim dizer). Mas eu prefiro muito mais que minha namorada jogue comigo do que eu fique no meu quarto jogando Bloodrayne sozinho (ou com um bando de cueca). Se nós quisermos que elas se juntem a nós, coisas precisam mudar. Digam não a objetificação das mulheres nos videogames e assim nós teremos companhias muito mais agradáveis para jogar Metal Gear conosco.

3 comentários:

SAicow disse...

Cara.

Realmente a industria de games é machista. Mas tem sim um nixo, fora do vg de brinquedo (sim sim, eu tenho um preconceito, ou um pós-conceito, como preferir) que visa um alvo menos machista.

Minha namorada, por exemplo, é fã de Mario, Sonic e adora os jogos novos de plataforma como Ratchet & Clank ou jogos de animações como até mesmo Shrek. Ok, pode parecer bizarro mas funciona.

Isso é traduzido até mesmo na indústria de filmes... Quantos homens gostaram de Crepusculo? Quantas mulheres foram assistir Rambo 4 e tiveram as mesmas surpresas agradavéis que eu tive?

Mulheres são delicadas, preferem romance ao invés de balas, preferem um simulador de vida do que um fps qualquer. Obvio que isso não é uma regra mas é sim uma questão de maioria.

Enfim, já me acostumei a deixar a mulher gritando "YOSHI NÃO MORRA!" no meu notebook! ;)

Vestfold Viking disse...

HAUAHUAHUA.... Não a Objetificação das mulheres nos Videogamessssssssssssssss.....

apoiado!!!

Alecto disse...

Fusso, que surpreendente esse manifesto em defesa da não-objetificação das mulheres! Que orgulho de vc! Mas eu particularmente nunca me incomodei com isso, viu? Outros fatores tem me afastado dos games... A correria da rotina me deixa longe do console e os meus jogos preferidos são os de "pensar". Qdo tenho oportunidade de jogar atualmente, geralmente estamos em grupo (o que meio que inviabiliza os jogos de pensar), sou a única mulher no grupo e os demais querem jogar jogos de futebol, corrida (gêneros que eu não curto...) ou luta (que é o que me resta).

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