segunda-feira, 7 de junho de 2010
Filosofando: Sétima geração de consoles ou como o Wii vai matar todos nós
Filosofando é uma coluna onde discutimos opniões pessoais e divagações aleatórias sobre o universo nerd
É um fato bem difundido que nerds tendem a ser indiferentes em relação a esportes. E eu não estou nem sequer falando de praticar esportes, estou falando de acompanhar um time de futebol ou qualquer outro esporte que venha a cabeça. Claro que como brasileiro eu tenho um time, eu até me importo com o que está acontecendo mas eu definitivamente não sou um torcedor roxo, daqueles que fica doente e chora por que seu time do coração não consegue acertar um penalti nem se o goleiro do time adversário tiver saído para ir ao banheiro na hora da cobrança. Mas deixe-me fazer um adendo... Eu não sou um torcedor DE FUTEBOL roxo, já que se tratando de consoles para videogames a coisa muda radicalmente.
Como quase todo mundo na minha faixa etária, eu comecei com o Atari 2600. Por mais que a nostalgia nos lembre com alegria dos blips e blops da placa de som e os pixels do tamanho de gatos que nós jurávamos ser um cavaleiro carregando uma espada. A verdade era um pouco diferente. Os cartuchos quase nunca funcionavam do jeito correto, as versões mais populares do Atari (Dactari e por ae vai) eram acometidas com erros de hardware constantes, os joysticks se quebravam com a maior facilidade de mundo, entre outras coisas.
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Nessa época nós não tinhamos muita escolha. O Atari devia ser responsável por 99% de todos os consoles da época. Existiam alternativas, Colecovision, Intellivision, MSX, Spectrum ZX, Commodoro 64... parando para analisar friamente, a quantidade de consoles que existia naquela época eclipsaria qualquer coisa hoje em dia. Mas nada disso era realidade no Brasil, nós tinhamos o Atari e era basicamente isso.
O resto da história é bem difundido e eu acredito que todos vocês já estejam familiarizados com os fatos, portanto não vou me aprofundar muito no assunto. Mas resumindo, Atari faliu, a indústria de jogos foi enterrada junto com as milhares de cópias do E.T e o foco da industria atravessou o pacífico e chegou ao Japão. Nesse ponto que começa a guerra dos consoles.
Damos um fast-forward em 20 anos e nós temos a fadada sétima geração. Pela primeira vez desde o crash de 83, existem mais do que dois consoles realmente brigando pela hegemonia comercial. O Sony Playstation 3, Microsoft Xbox 360 e o Nintendo Wii.
Enquanto os consoles da Sony e da Microsoft estão brigando pelo mesmo nicho e com um conceito que é uma continuação ideológica do que vinha sendo feito anteriormente, o Wii tentou uma nova estratégia, a de trazer os chamados "jogadores casuais" para frente da TV. O resultado pode ser visto como algo muito bom para a maioria, mas na minha sincera opnião, o Wii pode ser o fim dos videogames como conhecemos.
(música dramática)
Agora eu explico. Uma verdade que nenhum fã de nenhum console pode negar é que o Wii fez dinheiro, fez muito MUITO dinheiro. Mesmo sem dados oficiais, eu posso já afirmar que o Wii é o campeão da atual guerra de consoles. E isso vem com um preço bem caro para todos nós, o modelo atual de fazer jogos já não é mais lucrativo, e quando se fala de consoles a única preocupação das empresas é dinheiro.
Como todo fã de videogames, eu gosto de imaginar meu divertimento como uma espécie de forma underground de arte. Claro, eu sou um daqueles que acredita que a única coisa que falta para videogames serem considerados arte é tempo. Tempo para a mídia e a população geral se acostumar com a idéia de que videogames não são brinquedos.
Isso é, caso o modelo Wii falhe.
Pense assim, jogos de arte não são necessariamente complexos, mas eles precisam de alguns elementos importantíssimos, como um enredo interessante e bem escrito, uma boa atmosfera, personagens cativantes e em um segundo plano, boa jogabilidade e acessibilidade.
Assim como o cinema, a tal da mídia artística normalmente não é acessível a todos. Tem gente que morre de tédio de ver um filme do Godard e quase ninguém que não tenha estudade arte consegue entender por que o Pollock é considerado um gênio quando ele desenha que nem uma criança bêbada com Parkinson.
O problema desse sistema é que coisas boas custam dinheiro. E aqui entra o paradigma, criadores de jogos querem ser reconhecidos como artístas, empresas querem apenas o lucro. Seria muita ingenuidade nossa acreditar que a Microsoft ou a Sony se preocupa com a integridade artística dos seus funcionários. Eles querem uma coisa só, DINHEIRO.
Quando o modelo mais lucrativo é o de pequenos jogos, quase sem enredo, que envolvem pouco mais do que chacoalhar uma arma de destruição em massa de uma lado para o outro (sério, procurem os ferimentos causados pelos controles do Wii). Sobra pouco espaço para jogos mais complexos.
Talvez seja o caminho natural das coisas, mudanças acontecem o tempo todo e o que nos sobra é a nostalgia e as lembranças. Mas no fundo, eu sinto que nós chegamos muito perto da maturidade como forma de arte mas não fomos capazes de atravessar a linha de chegada. De qualquer modo, nós temos um novo alvorecer com a oitava geração chegando, e não se estranhe se o próximo console da Sony se parecer mais com um Wii do que com um simulador de realidade virtual.
O mundo é da Nintendo denovo, e por mais que nos doa dizer isso. Nós perdemos. O Xbox e o Playstation 3 serão os últimos consoles de grande porte a lutarem uma guerra com chances de ganhar.
É um fato bem difundido que nerds tendem a ser indiferentes em relação a esportes. E eu não estou nem sequer falando de praticar esportes, estou falando de acompanhar um time de futebol ou qualquer outro esporte que venha a cabeça. Claro que como brasileiro eu tenho um time, eu até me importo com o que está acontecendo mas eu definitivamente não sou um torcedor roxo, daqueles que fica doente e chora por que seu time do coração não consegue acertar um penalti nem se o goleiro do time adversário tiver saído para ir ao banheiro na hora da cobrança. Mas deixe-me fazer um adendo... Eu não sou um torcedor DE FUTEBOL roxo, já que se tratando de consoles para videogames a coisa muda radicalmente.
Como quase todo mundo na minha faixa etária, eu comecei com o Atari 2600. Por mais que a nostalgia nos lembre com alegria dos blips e blops da placa de som e os pixels do tamanho de gatos que nós jurávamos ser um cavaleiro carregando uma espada. A verdade era um pouco diferente. Os cartuchos quase nunca funcionavam do jeito correto, as versões mais populares do Atari (Dactari e por ae vai) eram acometidas com erros de hardware constantes, os joysticks se quebravam com a maior facilidade de mundo, entre outras coisas.
Nessa época nós não tinhamos muita escolha. O Atari devia ser responsável por 99% de todos os consoles da época. Existiam alternativas, Colecovision, Intellivision, MSX, Spectrum ZX, Commodoro 64... parando para analisar friamente, a quantidade de consoles que existia naquela época eclipsaria qualquer coisa hoje em dia. Mas nada disso era realidade no Brasil, nós tinhamos o Atari e era basicamente isso.
O resto da história é bem difundido e eu acredito que todos vocês já estejam familiarizados com os fatos, portanto não vou me aprofundar muito no assunto. Mas resumindo, Atari faliu, a indústria de jogos foi enterrada junto com as milhares de cópias do E.T e o foco da industria atravessou o pacífico e chegou ao Japão. Nesse ponto que começa a guerra dos consoles.
Damos um fast-forward em 20 anos e nós temos a fadada sétima geração. Pela primeira vez desde o crash de 83, existem mais do que dois consoles realmente brigando pela hegemonia comercial. O Sony Playstation 3, Microsoft Xbox 360 e o Nintendo Wii.
Enquanto os consoles da Sony e da Microsoft estão brigando pelo mesmo nicho e com um conceito que é uma continuação ideológica do que vinha sendo feito anteriormente, o Wii tentou uma nova estratégia, a de trazer os chamados "jogadores casuais" para frente da TV. O resultado pode ser visto como algo muito bom para a maioria, mas na minha sincera opnião, o Wii pode ser o fim dos videogames como conhecemos.
(música dramática)
Agora eu explico. Uma verdade que nenhum fã de nenhum console pode negar é que o Wii fez dinheiro, fez muito MUITO dinheiro. Mesmo sem dados oficiais, eu posso já afirmar que o Wii é o campeão da atual guerra de consoles. E isso vem com um preço bem caro para todos nós, o modelo atual de fazer jogos já não é mais lucrativo, e quando se fala de consoles a única preocupação das empresas é dinheiro.
Como todo fã de videogames, eu gosto de imaginar meu divertimento como uma espécie de forma underground de arte. Claro, eu sou um daqueles que acredita que a única coisa que falta para videogames serem considerados arte é tempo. Tempo para a mídia e a população geral se acostumar com a idéia de que videogames não são brinquedos.
Isso é, caso o modelo Wii falhe.
Pense assim, jogos de arte não são necessariamente complexos, mas eles precisam de alguns elementos importantíssimos, como um enredo interessante e bem escrito, uma boa atmosfera, personagens cativantes e em um segundo plano, boa jogabilidade e acessibilidade.
Assim como o cinema, a tal da mídia artística normalmente não é acessível a todos. Tem gente que morre de tédio de ver um filme do Godard e quase ninguém que não tenha estudade arte consegue entender por que o Pollock é considerado um gênio quando ele desenha que nem uma criança bêbada com Parkinson.
O problema desse sistema é que coisas boas custam dinheiro. E aqui entra o paradigma, criadores de jogos querem ser reconhecidos como artístas, empresas querem apenas o lucro. Seria muita ingenuidade nossa acreditar que a Microsoft ou a Sony se preocupa com a integridade artística dos seus funcionários. Eles querem uma coisa só, DINHEIRO.
Quando o modelo mais lucrativo é o de pequenos jogos, quase sem enredo, que envolvem pouco mais do que chacoalhar uma arma de destruição em massa de uma lado para o outro (sério, procurem os ferimentos causados pelos controles do Wii). Sobra pouco espaço para jogos mais complexos.
Talvez seja o caminho natural das coisas, mudanças acontecem o tempo todo e o que nos sobra é a nostalgia e as lembranças. Mas no fundo, eu sinto que nós chegamos muito perto da maturidade como forma de arte mas não fomos capazes de atravessar a linha de chegada. De qualquer modo, nós temos um novo alvorecer com a oitava geração chegando, e não se estranhe se o próximo console da Sony se parecer mais com um Wii do que com um simulador de realidade virtual.
O mundo é da Nintendo denovo, e por mais que nos doa dizer isso. Nós perdemos. O Xbox e o Playstation 3 serão os últimos consoles de grande porte a lutarem uma guerra com chances de ganhar.
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3 comentários:
Boa Fe. O texto está ótimo e concordo com quase tudo.
Só uma alteração:
Wii na verdade é um brinquedo e não um video-game. Não acho que eles serão colocados de lado para que toda a linha de vg´s do mundo seja Wii-Style. A realidade é que o Wii vai crescer ainda mais pois é interessante comercialmente.
Enfim, boas!
Eu gosto do Wii por trazer algo que tínhamos nos VG's antigos, que é interação familiar. Eu e meu pai jogávamos muita coisa de SNES juntos, e com o Wii, eu poderia ter isso em casa também. O que se limitaria ao jogos de futebol no X360 e no PS3.
Mas concordo que a "casualidade" possa vir a matar o que conhecemos por "arte" nos jogos. Tudo depende de como o mercado e os jogadores vão reagir. Pois, no fim das contas, 90% dos que criticam o Wii têm o aparelho em casa.
Ouvi um boato de que a Sony já estaria desenvolvendo um controle como o do Wii compatível com o ps3. Procede? E mais: concordo com seu texto e já tinha uma percepção parecida mesmo em relação aos jogos do ps2 -difícil achar um mais interessante em um mar de opções de jogos que se resumiam a executar um mesmo comando indefinidamente em um cenário meio repetitivo. Quase chorei quando vi a podrera que era o Phantasy Star Universe.
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